Equipe de futebol masculina venceu com duas goleadas no início da disputa, mas sente as diferenças do gramado de Hamilton
Quem vê os resultados do Brasil nos dois primeiros jogos do Pan de Toronto nem percebe que a seleção de futebol está jogando fora de seu ''habitat natural''. O estádio de Hamilton é de grama sintética, diferente das utilizadas normalmente pelos atletas que compõe o grupo. A questão já foi previamente observada pela comissão técnica, que realizou trabalhos de adaptação. Mas, mesmo assim, os jogadores sentem uma diferença durante as partidas. Com dois jogos e duas vitórias, o time decidirá o primeiro lugar do Grupo A na segunda-feira, diante do Panamá.
- É ruim. A gente não gosta. Eu também joguei o Mundial sub-17 na grama sintética e foi horrível. Mas já estamos treinando há mais de suas semanas na Granja Comary, que tem um campo assim. Estamos acostumados, mas não é o ideal. É difícil de dominar a bola, fica muito viva e mais no ar. Mas, tudo bem, acho que a gente adaptou legal - explica Lucas Piazón, após o triunfo por 4 a 0 sobre o Peru.
O técnico Rogério Micale explicou alguns dos principais efeitos que surgem neste tipo de campo. As mudanças podem variar se o gramado estiver ou não molhado. Ele também observa uma situação distinta da habitual, mas diz que a adaptação vai diminuindo o estranhamento.
- É diferente. Nossos jogos são em grama natural. Tem uma forma de jogar diferente. O campo fica mais rápido. Às vezes mais lento, se chove ou não chove. Não é o mesmo que o natural. Realmente, atrapalha um pouquinho. Mas a partir do momento que você começa a adquirir uma adaptação, começa a minimizar isso - disse o técnico
No fim do ano passado, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) chegou a dizer que o time brasileiro de futebol não disputaria o Pan justamente por conta da grama sintética. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no entanto, decidiu mandar seu time para a disputa do Canadá. Antes mesmo de viajar, os jogadores fizeram um trabalho forte em um campo de grama sintética que fica dentro da Granja Comary, o que fez com que ajudou a diminuir os efeitos dessa mudança.
Zagueiro do time brasileiro no Pan, Bressan é outro que aponta os percalços desse tipo de gramado. Segundo o jogador do Flamengo, as mudanças costumam afetar, sobretudo, no âmbito defensivo das partidas. No entanto, faz coro com o técnico e diz que a equipe está se acostumando.
- É diferente do piso natural. A gente teve sorte de poder treinar na Granja Comary, que tinha esse piso e a equipe conseguiu se adaptar muito bem. Muda um pouco porque a bola quica mais, torna o jogo mais rápido e mais perigoso. Principalmente defensivamente. Mas a equipe tem conseguido suportar muito bem e a questão já está totalmente anulada - disse Bressan.
Luan sente 'dorzinha chata'
Outro zagueiro do time, Luan diz que a mudança até surtiu pequenas dores em seus pés. Autor de um dos gols do Brasil sobre o Peru, nesta quinta-feira, reitera que isso não atrapalha a seleção brasileira na hora de apresentar um bom futebol.
- A CBF já deu essa estrutura para a gente no Brasil. Dói um pouquinho a sola do pé. Eu particularmente estou com uma dorzinha chata que tem incomodado desde os treinamentos de lá. Mas a gente releva, o grupo é muito bom e o professor tem implantando um grande sistema e tentado mudar nosso pensamento. Estamos acatando muito bem. A gente não é acostumado, mas não é desculpa para não apresentar um bom futebol - contou Luan.
A questão do gramado sintético já havia repercutido no mês passado no Canadá. O país sediou a Copa do Mundo de Futebol feminino. Na época, algumas atletas levantaram a mesma questão e alegaram que o campo atrapalhava.
Com o triunfo por 4 a 0 sobre o Peru, o Brasil pula para seis pontos, com oito gols marcados e um sofrido. Na primeira colocação do grupo, decidirá com o Panamá a liderança. O próximo compromisso do time de Rogério Micale está marcado para segunda-feira, às 18h30 (de Brasília), novamente em Hamilton.